A ideia de que essas atividades podem fortalecer a
capacidade intelectual das crianças é bem popular, e os pais costumam
apresentar pianos, violinos ou tabuleiros de xadrez aos filhos com a esperança
de que eles possam se tornar mais e mais espertos.
Mas talvez esse otimismo não seja justificado.
Segundo artigos recentes que revisaram diversos
estudos sobre o assunto, há dúvidas de que essas atividades específicas
realmente contribuam para uma melhora do desempenho intelectual.
Segundo os autores, há poucas evidências de que o
xadrez ou o ensino de música tornem as pessoas mais inteligentes. Em vez disso,
parece acontecer o contrário: indivíduos mais inteligentes têm maior
probabilidade de se envolverem e terem bom desempenho nessas atividades — ou
seja, crianças "mais espertas" têm maior probabilidade de serem
jogadoras de xadrez mais competentes ou melhores músicos.
Isso não quer dizer que essas atividades devam ser
excluídas do mundo da criança — óbvio que não! — Jogos de tabuleiro e atividades
musicais são ótimos estímulos para o desenvolvimento da criança. Mas essas atividades,
isoladas, não são melhores que outras atividades pedagógicas possíveis para o
desenvolvimento intelectual da criança.
Para saber mais:
Sala, G., & Gobet, F. (2016). Do the benefits of chess instruction transfer to academic and cognitive skills? A meta-analysis. Educational Research Review, 18, 46-57.
Sala, G., & Gobet, F. (2017). Working memory training in typically developing children: A meta-analysis of the available evidence. Developmental Psychology, 53(4), 671.
Sala, G., & Gobet, F. (2017). When the music's over. Does music skill transfer to children's and young adolescents' cognitive and academic skills? A meta-analysis. Educational Research Review, 20, 55-67.
Ruthsatz, J., Detterman, D., Griscom, W. S., & Cirullo,
B. A. (2008). Becoming an expert in the musical domain: It takes more than
just practice. Intelligence, 36(4), 330-338.
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