“Deve estar sendo muito bom trabalhar de casa” — comentou uma mãe com a professora de seus filhos.
Um grande engano!
Segundo uma pesquisa realizada recentemente, os professores do ensino fundamental e médio dizem ter despendido muito mais tempo com o ensino a distância em comparação com os horários com aulas presenciais.
Além disso, relatam que o apoio para ultrapassar as dificuldades veio, sobretudo, por parte dos colegas de trabalho, e não das “equipas de apoio” que as escolas ou governo criaram para ajudá-los.
Os resultados são de um estudo do Centro de Investigação em Estudos da Criança (CIEC) da Universidade do Minho, em Portugal.
Dos 2369 professores que participaram da pesquisa realizada em junho, a maioria (81,4%) acusou o cansaço como uma das principais consequências, relatando que o tempo despendido com o ensino e avaliação a distância aumentou muito, em comparação com o horário com aulas presenciais.
Para lidar com as dificuldades, os pares tiveram a maior importância, uma vez que a grande maioria dos professores recorreu aos colegas para terem alguma orientação, dica ou suporte.
“Estamos gastando mais tempo de planejamento, pesquisa e no caso brasileiro, com protocolos excessivos da rede de educação, ficando mais tempo online do que se estivéssemos no trabalho”, comentou um professor do Brasil sobre a pesquisa realizada em Portugal.
O estudo alerta também para potenciais fatores de exclusão no ensino a distância. Por falta de recursos ou equipamento, os professores não conseguiram alcançar todos alunos, houve casos em que numa mesma turma mais de 20 alunos não tiveram contato com o conteúdo online. Para a maioria dos professores, a falta de equipamentos adequados para os alunos foi a principal dificuldade sentida durante esse período.