O TDAH é um transtorno do “neurodesenvolvimento”.
Isso significa que durante a gestação e nos primeiros meses de vida da criança, diferentes fatores desviam o curso de desenvolvimento do cérebro para cursos atípicos (ou seja, fora do padrão de desenvolvimento esperado, ou “normal”). Sim, “diferentes fatores!”: investigações contemporâneas da neurociência e psicologia sustentam a hipótese de que há diversas redes neurais independentes envolvidas no transtorno, e seria impossível explicar suas origens apontando para um ou outro gene.
A teoria mais forte diz que a heterogeneidade dos cursos de desenvolvimento de redes neurais que estão associados aos sintomas do TDAH é explicada pela interação de diversos genes com o ambiente pré-natal e perinatal (incluindo hormônios, disponibilidade de oxigênio etc.) caracterizando perfis epigenéticos implicados no funcionamento neurobiológico. Fatores ambientais tardios podem atuar no transtorno, modelando comportamentos, atenuando ou agravando os sintomas que caracterizam o transtorno.
Para saber mais:
Luo, Weibman, Halperin e Li (2019). A Review of Heterogeneity in Attention Deficit/Hyperactivity Disorder (ADHD). Frontiers in Human Neuroscience, 13.
Fair et al. (2012). Distinct neuropsychological subgroups in typically developing youth inform heterogeneity in children with ADHD. Proceedings of the National Academy of Sciences, 109(17), 6769–6774.
Sonuga-Barke (2005). Causal Models of Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder: From Common Simple Deficits to Multiple Developmental Pathways. Biological Psychiatry, 57(11), 1231–1238.
Nigg, J. T. (2005). Neuropsychologic Theory and Findings in Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder... Biological Psychiatry, 57(11), 1424–1435.
Coghill et al. (2005). Whither causal models in the neuroscience of ADHD? Developmental Science, 8(2), 105–114.