Você sabia que o sentimento de ser rejeitado dói tanto quanto uma dor física?
Dor social é um conceito formulado no início dos anos 2000 pelos psicólogos e neurocientistas Naomi Eisenberger e Matthew Lieberman.
Dor social é um conceito formulado no início dos anos 2000 pelos psicólogos e neurocientistas Naomi Eisenberger e Matthew Lieberman.
Segundo esses autores, o termo se refere a dor relacionada a ameaças às nossas conexões sociais, sejam essas ameaças reais ou potenciais. Ou seja, é a dor decorrente de perdas sociais, como luto, rejeição, separação, divórcio, isolamento, crítica, perda de oportunidades e todos tipos de eventos relacionados à exclusão social.
Situações em que emergem um sentimento de exclusão social são, por exemplo, quando um chefe faz uma avaliação negativa do funcionário; quando um idoso é abandonado pela família; ou quando apenas uma criança não é convidada para o aniversário de um colega da turma da escola. Situações de bullying também produz dor social mesmo quando não há agressão física.
Dor física e dor social ocorrem na mesma parte do cérebro
Mais do que apontar as situações onde a dor social emerge, os autores sustentam a teoria de que os mecanismos neurais de dor social evoluíram a partir das mesmas estruturas cerebrais que a dor física, e se desenvolveram como forma de responder a uma necessidade biológica básica de apego social. Dessa forma, a dor social reflete o quanto nossas conexões sociais são importantes — é um mecanismo de segurança que o cérebro desenvolveu para garantir que nos mantenhamos socialmente conectados a outras pessoas.
A teoria das bases neurais é sustentada a partir de diversas pesquisas de neuroimagem usando técnicas de fMRI (veja nas referências abaixo).
Além disso, eles afirmam que o sofrimento decorrente de eventos sociais é uma das vivências mais doloridas que o ser humano experimenta ao longo da vida. Quando você é requisitado a lembrar qual foi a pior “dor” de sua vida, geralmente as pessoas lembram de episódios relacionados a dor social, a perda de alguém, ou perda de emprego, por exemplo.
Referências:
Eisenberger, Lieberman e Williams (2003). Does Rejection Hurt? An fMRI Study of Social Exclusion. Science, 302(5643), 290–292.
Eisenberger, N. I., & Lieberman, M. D. (2004). Why rejection hurts: a common neural alarm system for physical and social pain. Trends in Cognitive Sciences, 8(7), 294–300.
Eisenberger, N. I. (2012). The Neural Bases of Social Pain. Psychosomatic Medicine, 74(2), 126–135.