Meninos e meninas, maiores de 16 anos e com autoestima elevada, escovam seus dentes com maior frequência, adquirindo, possivelmente, melhor saúde bucal. Foi o que apontou um estudo publicado recentemente na revista científica Ciência & Saúde Coletiva que analisou a relação entre autoestima e saúde bucal de adolescentes.
Diversos estudos anteriores já destacaram a associação entre os hábitos de saúde com fatores psicossociais. Dentre esses fatores, a autoestima parece ter relação forte com os hábitos de saúde. Devido às mudanças ocasionadas pela adolescência, esta é a fase na qual a autoestima assume importância mais expressiva, com consequências que podem alterar os comportamentos de saúde por toda vida do indivíduo.
No estudo, realizado com 1.154 jovens com idades entre 14 e 19 anos, de 11 escolas públicas de um município na região metropolitana do Recife, verificou-se, a partir da análise dos questionários aplicados aos alunos, que adolescentes com padrões mais elevados de autoestima apresentaram comportamentos mais favoráveis à sua saúde bucal, quando comparados aos seus semelhantes com menor autoestima.
Ainda não há uma explicação clara para entender como a autoestima influencia nos comportamentos de saúde bucal. Uma das explicações seria que, em adolescentes com baixa autoestima, a ausência de preocupação com a aparência pessoal, decorrente de sentimentos de infelicidade, solidão, exclusão social e dificuldades de relacionamento, resultaria na redução do cuidado pessoal, incluindo da escovação dentária. A percepção de apoio social, a imagem corporal e a valorização da estética, também são possíveis fatores envolvidos.
Os autores acreditam que as evidências apresentadas neste estudo podem auxiliar na identificação de subgrupos mais vulneráveis e, consequentemente, servirão de apoio para profissionais odontológicos e não odontológicos nas suas tomadas de decisão e no planejamento de estratégias de intervenção adequadas para uma efetiva promoção de saúde entre os jovens.