Resultado de estudo aponta que o uso excessivo de tecnologia pelos pais está associado à baixa qualidade da interação pais-filhos e, consequentemente, a maior manifestação de problemas de comportamento entre as crianças.
Tecnologias digitais como smartphones, tablets e outros dispositivos móveis estão hoje incorporadas nos hábitos de nossas famílias. Esses dispositivos, com seu acesso a conteúdos ilimitados da internet, contatos sociais, agenda de tarefas e compromissos, informações e dados pessoais, revolucionaram a forma como as pessoas interagem entre si. Apesar dos benefícios proporcionados pela tecnologia, diversas pesquisas tem destacado o potencial de interferência nas dinâmicas sociais quando tecnologias móveis digitais estão em uso.
Interferência da Tecnologia ou "Tecnoferência”
O pesquisador Brandon McDaniel, especialista em desenvolvimento humano e relacionamento familiar, cunhou o termo "tecnoferência" quando investigava a interferência da tecnologia em interações e relacionamentos presenciais. Muitas pesquisas têm avaliado o impacto da tecnologia nas rotinas das crianças. Em estudo recente, Brandon e Jenny Radesky, entrevistaram mães e pais em 170 famílias para saber como dispositivos eletrônicos interferiam nas relações familiares.
Interferências da tecnologia ocorrem durante as refeições, atividades recreativas ou de rotina com seus filhos. Os pais foram convidados a avaliar o quão problemático o uso de seus dispositivos era, com base em quão difícil eles achavam que era resistir a verificar mensagens, por exemplo. Os participantes do estudo também relataram a frequência com que seus dispositivos desviaram sua atenção quando se envolviam com seus filhos.
Em relação ao comportamento de seus filhos, os pais responderam as perguntas sobre a frequência com que seus filhos se irritavam, se queixavam, ficavam frustrados, faziam birras ou apresentavam sinais de inquietação e hiperatividade.
O resultado da pesquisa mostrou que o uso problemático de tecnologia digital está associado à interferência nas relações entre pais e filhos. Consequentemente, estes pais relataram maior frequência de problemas de comportamento dos filhos, pouca cooperação familiar, além de sintomas depressivos e estresse dos pais. Os resultados mostraram também que quanto mais tempo os pais passam usando eletrônicos, maior também é o tempo que os filhos passam na frente da TV, computador, videogame ou com telefone na mão.
O estudo nos lembra o fato de que precisamos prestar um pouco mais de atenção para a frequência com que deixamos a tecnologia interferir em nossas relações sociais e nos momentos de interação com nossas crianças.
Referência bibliográfica:
McDANIEL, Brandon e RADESKY, Jenny. Technoference: Parent Distraction With Technology and Associations With Child Behavior Problems. Child Development, 2017.